quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Leis naturais são uma coisa. Leis estabelecidas culturalmente são outras.


O homem não é um ser natural ele é cultural, sendo assim não é conveniente tratar a heterossexualidade como se ela fosse algo inevitável, da natureza humana, tanto quanto o é a lei da gravidade para o funcionamento do cosmo.
A confusão fica estabelecida pois a humanidade sente fascínio em estabelecer ligações entre o a sociedade e o cosmo, divinizando, tornando algo inexorável coisas que só existem culturalmente. É o caso da família burguesa. Essa “família” que a Igreja defende e torna eterna e que segundo príncipios preconceituosos entraria em ruínas caso a homossexualidade fosse aceita nos mesmos moldes da heterossexualidade, é uma criação recente, em termos históricos, ela não existia antes de Cristo, não existia na Idade Média, esse modelo monogâmico e exogâmico, nem sempre foi assim, A FAMÍLIA NÃO É UM DADO ETERNO, NÃO É UM NATURAL, ela sofreu modificações históricas, humanas, culturais, ao longo dos anos, de forma que esse modelo familiar ocidental moderno (monogâmico e exogâmico), como explica Engels em seu livro "A origem da família, da propriedade privada e do Estado", é uma criação que sustenta a economia capitalista, sendo um reflexo social desse sistema econômico-político.

Essa família não é eterna, seu modelo também não. A homossexualidade não acaba com a família, o que muda é o formato da família, apenas isso; apenas o formato, como vem mudando ao longo dos séculos, dentro das várias culturas humanas, é apenas mais uma mudança dentro do infindável círculo de mudançaS que a família sofreu, e nenhuma é melhor ou pior que a outra, são condições sociais de seu tempo.

Como a homossexualidade está tendo uma maior visibilidade e aceitação na contemporaneidade, creio que a modificação do formato familiar é inevitável - NÃO O FIM DA FAMÍLIA, como ideologicamente alardeiam os ultra-religiosos, mas o fim DESSE MODELO DE FAMÍLIA, o que é bem diferente. Pai, mãe, filhos, continuarão a existir.

Um comentário:

RP disse...

Allex,
Obrigado pela visita e comentário lá no blog.

Acredito piamente que o modelo pregado pela igreja e sociedade quanto a familia, monogomia, homossexualidade - e sexualidade como um todo -vai inevitavelmente passar por transformações hoje e sempre, como sempre passou.
O contexto historico da criação da igreja, do estado, da monogamia e etc foram "inventados' em momentos que isto se fazia necessário para o próprio conforto da população.
Como pregar naturalidade a poligamia, por exemplo, em países pobres onde os homens (historicamente chefes de familia) não Têm condições de dar vida digna a uma família... quem dirá duas, ou tês...

Dá uma lida nesses textos, vc vai entender o que eu penso:
http://primodointerior.blogspot.com/2009/05/fidelidade.html
http://primodointerior.blogspot.com/2009/05/familia-religiosa.html